Para a minha mais que tudo.

Faz hoje 11 anos que chegaste até nós.

Eu não queria nenhum bicho lá em casa. Sabia que havia de sobrar muito para mim. Mas pronto... o mano chateou tanto, que o pai encontrou quem lhe desse um animal de 4 patas para lhe fazer a vontade.

A primeira vez que te vi, a minha atitude foi dizer “Irra, que bicho tão feio!”. Mas logo de seguida te enrolei num guardanapo de pano e levei-te para casa dentro do meu blusão que tinha pêlo por dentro. Era para ires mais quentinha.

Eras tão pequenina. Mal abrias os olhos. E acho que naqueles 10 minutos do percurso até casa me conquistaste. O mano, que naquela altura era um puto de 10 anos, estava delirante. E logo fez questão de te baptizar: Putchi. “Mas tu não vês que isso é nome de cão e o bicho é uma cadela?”, dizia-lhe eu, mas o puto tinha a ideia fixa e, pronto, Putchi se chamou.

Na primeira noite lá em casa não paravas de ganir. Até que o pai teve uma grande ideia: colocar um saco de água quente dentro da alcofa onde dormias. Foi remédio santo! Dormias a noite inteirinha.

Tenho pena de não ter fotos tuas dessa altura... gostava de recordar e de ver como eras tão engraçada quando eras pequenina.

Foste crescendo. E todos nós nos fomos afeiçoando a ti. Claro que conforme crescias, ias também fazendo as tuas travessuras. Começaste a roer o rodapé do corredor, que era de cortiça. Mesmo sendo castigada, no dia seguinte voltavas a fazer o mesmo. Isso fez com que o pai se zangasse e te quisesse dar a um colega que era caçador. Ainda me lembro… estava eu a entrar no prédio e ele levava-te por um cordel como se fosse uma trela. E aí eu implorei por tudo para ele não te dar ao colega. E consegui que ficasses…

Passaste a ser como um membro da família. Sempre presente nos momentos bons e nos momentos maus. Estiveste ao pé de mim quando eu chorava. Estiveste ao pé de mim quando eu estudava. Estavas lá no dia que saí de casa… parecia que estavas a sentir que eu me ía afastar. Estavas lá quando me sentias que eu estava triste e vinhas para o pé de mim e puxavas a minha mão para te fazer festas. Nem sabes o bem que isso me sabia.

Hoje não te vejo com tanta frequência como eu gostaria. Mas não há dia que eu fale com alguém lá de casa e pergunte por ti. E ás vezes sinto saudades dos teus mimos, do teu olhar terno.

Faz hoje 11 anos que chegaste até nós. E eu peço que fiques entre nós por muitos mais anos.

Logo vou ver-te e vou encher-te de miminhos e festinhas!

Parabéns para ti, linda PUTCHI!!!!